segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pedro Teixeira Neves

Pedro Teixeira Neves nasceu em Lisboa, em 1969, com raízes na Madeira e na Figueira da Foz. Cresceu em Bragança, continuou a crescer em Portimão. Regressou depois a Lisboa para cursar Relações Internacionais, que termina em 1994. Jornalista, foi nesse exacto ano, no jornal «Semanário», que se iniciou na prática de assinar artigos. Depois foi parar às Artes: escreveu sobre teatro, sobre livros, sobre artes plásticas. Em 1998 segue para a revista «Arte Ibérica», cuja redacção vem a chefiar. Na mesma época encontra-se também ao leme da «Agenda Cultural de Lisboa». Em 2001 fundou a revista de artes e espectáculos «Arte Ibérica», que até hoje dirige. Na literatura, começou por publicar contos e poemas no extinto «DN Jovem». Lançou, em 2003, na Temas e Debates, o romance «Uma Visita a Bosch». Em 2006, nas Edições Quasi, assinou o livro de poesia «Chiasco». Em 2007, editou, na Caminho, dois livros para o público infantil: «Histórias Tais, Animais e Outras Mais» e «Histórias de Patente, com Tenente e Outra Gente».

O teu rosto será o último

Este livro também me abanou e este não sei porquê.
Mexe com a solidão e tem um olhar introspetivo sobre as vidas que se cruzam na família e na sociedade.
Há no recuo de Duarte uma sobriedade e angústia que me tocaram.

O teu rosto será o último

O Teu Rosto Será o Último
Autor: João Ricardo Pedro
Editora: LeYa
N.º de páginas: 207
ISBN: 978-989-660-209-3
Ano de publicação: 2012
Na edição de 2011, o Prémio LeYa distinguiu pela primeira vez um romancista estreante: João Ricardo Pedro, ex-engenheiro electrotécnico que aproveitou uma situação de desemprego para cumprir, aos 36 anos, o sonho adiado da escrita. Há uma certa justiça poética em ver entregues os cem mil euros do prémio a alguém que verdadeiramente precisa deles, mas o júri está sobretudo de parabéns por ter distinguido um belíssimo primeiro romance, obra que nos permite assistir ao fenómeno raro de ver um autor a nascer diante dos nossos olhos, nos seus rasgos mas também nos seus tropeços. Quando terminamos a leitura de O Teu Rosto Será o Último, fica a sensação de que o romance é uma espécie de crisálida, dentro da qual o escritor descobriu a sua voz e a sua natureza narrativa. A crisálida, porém, não é neste caso um mero invólucro que se deixa para trás, testemunha esvaziada de uma metamorfose, mas uma entidade digna de admiração por si mesma.
O livro começa no dia 25 de Abril de 1974. Estamos longe de Lisboa, numa «aldeia com nome de mamífero» lá para o norte, no sopé da Serra da Gardunha, e o «vento da mudança» que empurrará Marcello Caetano para o exílio e o país para a liberdade democrática ainda não chegou àquelas paragens, onde as pessoas «viviam da cruel aritmética dos alqueires, dos cinchos, das safras, das luas, das maleitas, das malinas, das geadas». As primeiras páginas circulam por paisagens rurais, alternando entre os escassos ecos da revolução, dissecados em conclave pelas forças vivas da aldeia, e a história do desaparecimento de uma personagem misteriosa, Celestino, que há-de ser encontrado morto, «a cara crivada de chumbos». O tom é próximo do realismo rústico praticado por José Riço Direitinho nos seus primeiros livros: uma aproximação à maldade humana e à aspereza social dos meios pequenos e fechados, com personagens incapazes de escapar aos «azares da vida».
Se o leitor cria algum tipo de expectativa em relação à história que começou a ler (por exemplo, a de saber quem matou Celestino e porquê), ela é imediatamente desfeita pelo segundo capítulo, que nos apresenta o verdadeiro protagonista do romance: Duarte, um rapazinho que vive em Queluz com o pai, António, veterano com duas comissões na Guerra Colonial, filho do doutor Augusto Mendes, médico que há quatro décadas ofereceu a Celestino o seu olho de vidro. O tempo, em O Teu Rosto Será o Último, não é linear. Não há ordem cronológica, só momentos isolados, em sucessivos avanços e recuos. As histórias das três gerações da família entrelaçam-se assim num vertiginoso movimento de deriva. Tão depressa acompanhamos os dilemas adolescentes de Duarte, pianista dotado que desiste de tocar – e de ser «o maior beethoveniano do seu tempo» – por «ódio» ao dom, como estamos numa picada em Angola com o furriel António Mendes, ou descobrimos as cartas scherazadianas de Policarpo, o velho amigo do avô Augusto, que abandona o país quando Salazar sobe ao poder.
À medida que a narrativa avança, bifurcando-se cada vez mais em sub-enredos que por vezes se resumem a duas ou três páginas (uma sucessão de artistas falhados e figuras enigmáticas, como o barbeiro Alcino ou a professora de canto eslovaca), o efeito de deriva acentua-se. Este é um romance atravessado pela música, mas uma música que a dado momento se parte, se desarticula, levando Duarte ao silêncio dos dedos sobre o teclado e a narrativa ao seu próprio colapso, à incapacidade assumida de atar os fios que talvez só façam sentido soltos. Pelo meio, fala-se de castigos e vinganças, de amputações, da história portuguesa (a guerra, a campanha de Humberto Delgado, a PIDE), de vários tipos de orfandade. A orfandade literal, dos filhos que perdem os pais, mas também a orfandade ideológica, de quem viu ruir as ilusões nascidas com o 25 de Abril ou assistiu, com uma certa incredulidade, ao fim da União Soviética. Um momento que João Ricardo Pedro faz coincidir simbolicamente com a derrota da URSS na final do Campeonato da Europa de futebol de 1988, num capítulo extraordinário que está entre o que de melhor se escreveu na ficção portuguesa recente.
Avaliação: 8,5/10
[Texto publicado no suplemento Actual, do semanário Expresso]

O investigador

Este livro tem o sabor amargo da sociedade em que vivemos.
Muito bem escrito porque se não, não me deixava nesta opressão e inquietação. Nesta vontade de voltar as costas ao capital e seguir os avisos de  Agostinho da Silva.
Depois fui à procura e vi que se baseou num facto real - os suicídios em França.

O investigador

Inspirado na vaga de suicídios ocorrida na France Telecom em 2009, o Investigador deste romance procura desvendar as causas que levaram os funcionários de uma grande empresa a porem fim à sua vida. Segundo François Busnel (L’Express),«Claudel mostra até que ponto a ficção consegue apreender a realidade».
Philippe Claudel é já um dos nomes confirmados para participar na Feira do Livro de Lisboa, no feriado de 25 de Abril.
O LIVRO
«Não é olhando que descobrirás.» Como pôde o Investigador adivinhar? Como pôde saber que esta investigação de rotina seria a última da sua vida?
Encarregado de descobrir as causas de uma onda de suicídios numa grande empresa, o Investigador sucumbe gradualmente à ansiedade. O hotel onde se instala é abrigo não só de turistas, como de gente deslocada e estranha. Na empresa onde investiga, ninguém o apoia e o clima é hostil. Terá caído numa armadilha, será vítima de um pesadelo demasiado real? Não consegue comer, beber ou dormir, e as suas perguntas só dão origem a mais perguntas. À medida que faz algumas descobertas, interroga-se se não se tornará ele na nova presa a ser esmagada por aquela máquina infernal. E começa a compreender a nossa impotência face a um mundo que nós próprios construímos e que conduz à nossa destruição.
O AUTOR
Philippe Claudel é o autor do bestseller Almas cinzentas, vencedor do Prémio Renaudot 2003, do Grande Prémio literário Elle 2004 e classificado como Livro do Ano pela revista Lire em 2003. Está traduzido em mais de 30 países. Em 2007, o seu romance O relatório de Brodeck foi galardoado com o Prémio Goncourt des lycéens. Realizou o filme Il y a longtemps que je t’aime, com Elsa Zylberstein e Kristin Scott Thomas, em 2008, vencedor de dois prémios César.
  in http://planetamarcia.blogs.sapo.pt/433037.html

ISABELA FIGUEIREDO LANÇA “UM CÃO NO MEIO DO CAMINHO”

https://youtu.be/qTt36ja7LOQ?si=Kjlj0eKp0zUYnBLY&t=168