Lillias Fraser foi um romance de Hélia Correia, publicado em 2001, que ganhou o prémio de ficção
do P.E.N Clube Português.
O livro conta a história da peregrinação de Lillias Fraser durante dezasseis anos.
A narrativa começa em 1746, na Escócia, durante a Batalha de Culloden, onde o exército inglês, chefiado pelo Duque de Cumberland pôs fim às intenções de Charles Stuart que, apoiado por diversos clãs escoceses, desejava subir ao trono inglês.
Em consequência dessa batalha, toda a família de Lillias morre, mas a pequena escocesa é salva graças ao seu dom de prever a morte.
Assustada com a visão que lhe revelou o pai morto, Lillias foge de casa e é protegida por uma velha misteriosa que a salva da carnificina da batalha. A velha morre e Lillias, guiada pelo espectro de sua mãe, chega à casa da castelã de Moy Hall, Lady Anne MacIntosh, por quem é acolhida. Todavia, a sogra de Anne, Eva MacIntosh, logo percebe, devido aos olhos intensamente dourados da menina, que ela carregava em si dons extraordinários. Temendo um convívio tão próximo com uma bruxa, Eva arranja um estratagema para se livrar de Lillias. Após passar um tempo sob tutela da família Davidson, a menina é entregue a Frances e Aileen Connelly que estavam de partida para Portugal.
Chegando ao novo país, Lillias não permanece muito tempo na companhia das Connelly e é abandonada em um convento inglês de Lisboa. É nesse lugar que, ao lado de soror Thereza, a menina sente-se acolhida e amada. O convívio com as freiras é um dos momentos mais felizes de sua vida, porém esse período de alegria é interrompido pela morte de Thereza. Nessa ocasião, Lillias tem mais uma visão que a salva:
prevê a destruição provocada pelo terremoto que atingiu Lisboa em 1755. A jovem escocesa foge em direção a Mafra e lá conhece a senhora Cilícia. As duas passam por muitas dificuldades, sem abrigo e comida, e refugiam-se por um tempo no Convento de Mafra que havia sido abandonado devido ao terramoto.
Regressando a Lisboa, as duas passam a viver juntas. A cidade ainda está completamente destruída e as réplicas sismicas repetem-se . O Marquês de Pombal assume a reconstrução da cidade e começa a perseguir os jesuítas. A senhora Cilícia descobre o segredo de Lillias justamente quando ela prevê a morte de um dos jesuítas, o Padre Gabriel Malagrida. Ao invés de afastar a menina por conta do seu dom, Cilícia pede a Lillias que encontre Jayme, seu filho. Quando enfim ele volta a casa, Lillias apaixona-se pela primeira vez. No entanto, pouco tempo depois, Jayme resolve partir e juntar-se às tropas militares. Cilícia, não agüentando ficar longe do seu décimo quinto filho, parte com Lillias atrás dele. Em meio aos conflitos da Guerra Fantástica, nome da participação portuguesa na Guerra dos Sete Anos, Lillias e Cilícia separam-se.
Lillias conquista a simpatia do chefe das tropas inglesas, o coronel Francis MacLean, ao apresentar-se como Lillian MacLean, nome que ganhara quando deixou a Escócia em direção a Portugal. Encantado pela presença da jovem que o aproximava de suas origens, o coronel toma Lillias por sua amante e ela acaba por engravidar. Porém,quando o verdadeiro sobrenome Fraser é revelado, Lillias experimenta mais uma vez a dor de ser expulsa.
Perambulando por Portugal, sozinha, grávida e muito debilitada, Lillias chega novamente a Lisboa. Sem abrigo, desfalece no meio da rua. O livro termina de forma surpreendente: Lillias é salva por outra bruxa, Blimunda Sete-Luas, personagem do livro Memorial do Convento de José Saramago, que promete cuidar dela e da criança que está por vir.
in http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/JamelMC.pdf
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